Opinião: Senegal emociona. Países Baixos fazem o básico

Saíram os primeiros confrontos das oitavas-de-final da Copa do Mundo do Catar. Os Países Baixos, primeiro colocado do Grupo A pegarão os EUA, segundo colocado do Grupo B. A Inglaterra, que ficou em primeiro do Grupo B, enfrentará o Senegal, segundo colocado do Grupo A. Apesar de algum suspense e um futebol mal jogado aqui e acolá, antes de começar a Copa do Mundo esses eram os cruzamentos previsíveis para esses grupos.

A classificação mais emocionante do dia foi a de Senegal e nem tanto pela partida em si. Os Leões de Teranga, que tinham jogado bem contra os Países Baixos e contra o Catar, fizeram novamente uma boa partida. Abriram o placar de pênalti e depois de sofrerem o empate voltaram à frente do marcador logo em seguida, com um gol do zagueiro Koulibaly. Há 32 anos, desde que Camarões ganhou da Argentina na abertura da Copa da Itália, uma seleção africana não ganhava de uma seleção sul-americana.

A emoção tomou conta dos jogadores e da torcida porque é a volta do time a fase oitavas-de-final após 20 anos e porque exatamente ontem completava-se dois anos da morte de Papa Bouba Diop, um herói nacional por causa da Copa do Mundo de 2002: é ele quem faz o gol da vitória de Senegal contra a França na abertura daquele mundial, um dos gols mais icônicos do futebol desse século. Bouba Diop faleceu aos 42 anos depois de uma batalha contra a esclerose lateral amiotrófica. Todo o mérito pela classficação ao técnico Aliou Cissé, capitão e companheiro de Diop na seleção senegalesa de 2002, que junto com os jogadores do time levantaram uma faixa em homenagem à Diop com os dizeres: “um verdadeiro leão nunca morre”.

O Equador volta para casa com uma boa impressão, mas com a sensação de que poderia ter ido mais longe. Poderiam ter ganhado dos Países Baixos na segunda rodada e foram castigados por um primeiro tempo ruim contra Senegal. É uma seleção jovem que mostrou que sabe jogar com atitude e sem a altitude de Quito. Destaque para Caicedo, autor do gol do empate, a jovem promessa equatoriana foi quem falhou no segundo gol de Senegal ao cortar errado o cruzamento da bola na área. Teve que sair amparado de campo por seus colegas de time.

No jogo que garantiu a classificação em primeiro lugar, mais uma atuação apagada – assim como seu uniforme – dos Países Baixos. Gakpo fez seu terceiro gol no seu terceiro jogo e agora é um dos artilheiros da Copa. A Laranja Mecânica tem margem para melhorar e tem que melhorar, senão é capaz de cair nas oitavas para os EUA. A sorte é que se a Argentina não classificar em primeiro, os Países Baixos têm confrontos, teoricamente, favoráveis até as semifinais.

O Catar se despede de forma melancólica. Foram 12 anos de preparação e bilhões gastos para ser a pior seleção anfitriã de todos os tempos. O trabalho que parecia promissor – chegou a ser campeão asiático em 2019 – teve seu ponto mais baixo bem na semana que deveria ser o seu auge. Sai da Copa com três derrotas e apenas um gol marcado.

Pelo Grupo B, a Inglaterra voltou a jogar bem e não teve dificuldade contra o País de Gales. 3 a 0, dois gols de Rashford (também empatado com três gols na artilharia do mundial) e um de Foden. Harry Kane segue sem marcar, mas continua liderando em assistências e sem dúvida sendo o melhor jogador do time. Nas oitava-de-final pegará Senegal, uma seleção de um nível acima das que enfrentou até agora.

País de Gales termina a Copa do Mundo com o desempenho pior do que se imaginava. O time foi apático durante todo o torneio e nem parecia que voltava a uma Copa do Mundo depois de 64 anos. Fez apenas um gol e de pênalti com Gareth Bale.

No aguardado confronto EUA e Irã, tirando o nítido constrangimento dos iranianos cantando o hino, nenhum grande ato político em campo. O clima no Irã não permitiu qualquer gesto entre os países, como a entrega de flores feita na Copa de 1998. Nas arquibancadas houve a tentativa de abertura de um bandeirão com as palavras “woman, life, freedom”, rapidamente retirada pela segurança catari. A curiosidade para nós brasileiros foi que a transmissão da Sportv2 teve a narração justamente do Thiago Leifert, que em 2018 gerou polêmica ao escrever um artigo dizendo que esporte e política não deviam se misturar.

No jogo, 1 a 0 para os EUA, Pulisic. O jovem time americano tem condições de passar pelos Países Baixos e quem sabe repetir o seu melhor desempenho em Copa do Mundo.

O Irã visivelmente foi atrapalhado pelas polêmicas fora de campo. Mesmo assim, como em 2018, ficou muito próximo de uma classificação.


Na rodada de logo mais, os grupos C e D jogam para definir os classificados e quem já não está classificado ainda tem chance.

O destaque, obviamente, vai para a Argentina de Messi, que joga o seu legado contra a Polônia de Lewandowski. Para não depender de outro resultado, a Albiceleste precisa ganhar. Se empatar, vai precisar de um empate no jogo entre Arábia Saudita x México ou de uma vitória dos mexicanos com menos de dois gols de diferença.

A Arábia Saudita vive o sonho de poder avançar de fase, precisará ganhar o jogo para isso (ou empatar e torcer por uma derrota argentina). A única e última vez que isso aconteceu foi na Copa do Mundo de 1994. Os sauditas devem lotar o estádio no jogo contra o México e contar até mesmo com a torcida do agora nem tão rival assim Catar. O México também precisa ganhar. Se ganhar pelo placar mínimo, tem que torcer para Argentina perder. Se houver empate ou vitória da Argentina, o México precisará ganhar com dois ou três gols de vantagem para jogar sua oitava oitava-de-final consecutiva.

Promessa de jogos bastante tensos.

No Grupo D, a disputa é pela segunda vaga, já que a França já está classificada. Austrália e Dinamarca se enfrentam basicamente em um confronto direto por ela. Um empate classifica os socceroos (o que seria uma baita surpresa). A Tunísia só se classificará se ganhar da França e se no outro jogo der empate ou uma vitória dinamarquesa com uma diferença de gols menor do que a eventual vitória das Águias de Cartago.