Avô é suspeito de abusar e engravidar a neta

Aqui, os nomes verdadeiros serão preservados. Maria ainda é uma jovem. Não tem nem 30. Mas está sofrendo como se estivesse com uma doença aniquiladora. Um mal cheio de angústia e dor. Casada, tem seis filhos. Uma das meninas, de 11, foi mãe há um mês. Segundo relatos da criança, o pai seria o próprio avô, que está preso. João está com aproximadamente 50. Morava em Ribeirão Preto. Mas, desempregado na pandemia, decidiu voltar a Luiziana. E foi ali, nas visitas à filha Maria, que teria, supostamente, abusado da neta. 

Maria conta que sua vida desmoronou. Acabou. Ela tinha apenas dois anos quando os pais se separaram. A partir daí, João foi embora de Luiziana – no dia do aniversário dela. O casal teve três filhos. Mas cresceram distantes do genitor. No interior de São Paulo, não deu mais notícias. “Cresci sem meu pai. Na escola, no dia dos Pais, eu não tinha a quem fazer minhas cartinhas. Foi muito triste não tê-lo por perto”, disse. 

Mas a pandemia o trouxe de volta. Com problemas na coluna e, desempregado, retornou à cidade. Lá, permaneceu na casa de sua mãe – avó de Maria. Sem renda, a filha e o genro passaram a ajudá-lo. E, sempre que podia, visitava a filha no sítio. Era lá, na propriedade distante três quilômetros da cidade, onde passava o dia. “Ele adorava me visitar. E dizia gostar muito da minha filha”, disse.  

A aproximação entre João e Maria, a deixava bastante feliz. “Somente agora eu pensava em como era bom ter um pai. Nos demos muito bem. Eu o amava”, revelou. Ela lembra que o ajudou com dinheiro e comida. Também tentou arrumar a sua aposentadoria – já que tinha problemas nas costas. Mas, ao mesmo tempo em que ganhara um pai, acabou o perdendo. Mais uma vez. Diante das terríveis revelações da criança, seu afastamento foi inevitável. “Até agora eu não falei com ele. Tenho medo de toda esta situação. Tenho pânico dele. Estou com depressão. Minha vida acabou”, disse Maria. 

A gravidez da criança foi descoberta aos seis meses. Com a barriga crescendo, a menina acabou confessando à mãe. Confessando algo que, como uma criança, definitivamente, não foi a causadora. Isenta de culpas. Mas, num enredo trágico, é, ao lado do recém nascido, tão somente a vítima.   

João não bebe, não fuma e não usa drogas. Para Maria, se mostrava educado e gentil. Um homem acima de qualquer suspeita. Falava em Deus e pregava os bons costumes. E esta é a parte mais difícil para Maria entender. “Não acredito que ele possa ter feito isso com a gente. Se isso for mesmo verdade, ele enganou a todos nós”, disse. No fringir dos ovos, um leão em pele de carneiro.  

Maria explica que o teste de DNA, já foi realizado e encaminhado para exames. Nos próximos dias, o resultado chegará. Enquanto isso não acontece, João continuará preso, preventivamente. Durante a detenção, ele utilizava uma camiseta preta, com a descrição “Bruxos e Bruxas”, menção ao livro do escritor James Peterson. A obra conta a história dos irmãos Whit e Wisty, que da noite para o dia, são arrancados de casa e jogados numa prisão, acusados por traição à pátria. Qualquer coincidência, é mero acaso do destino.

E o drama de Maria parece não ter fim. O marido também ficou desempregado. A situação deixou a família – nove pessoas – com os estoques de alimentos quase zerados. Há alguns dias, ele voltou a ser registrado. Mas a grana ainda não veio. Eles pedem ajuda em comida, leite e fraldas. São dois bebês na casa, um de Maria e outro da filha.