“Campo Mourão não pode retroagir”, diz Tauillo sobre candidatura à reeleição

A TRIBUNA traz neste sábado (3), entrevista com o candidato à reeleição à prefeitura de Campo Mourão, Tauillo Tezelli (Cidadania). As entrevistas com os outros dois candidatos – Nivalda e Rodrigo-, já foram publicadas no decorrer da semana. Tauillo falou das ações durante a atual gestão, das dificuldades da administração, dos projetos caso seja reeleito, e também da situação de sua empresa, a Fertimourão, declarada falida pela Justiça. O processo ainda se encontra em trâmite.

Tezelli, afirmou que colocou o nome para disputa à reeleição ‘porque Campo Mourão não pode retroagir’. Segundo ele, quando deixou a prefeitura em 2004, se seus sucessores tivessem dado sequência ao trabalho ‘e tivesse vindo uma sequência de bons mandatos’ ele não voltaria para a vida pública. 

“Acontece que discordo totalmente de como foram as três administrações que me sucederam. E eles estão querendo voltar em uma nova ‘roupagem’ com todos elementos e pessoas que participaram da gestão Nelson/Regina e Regina/Rodrigo. Portanto, dentro do partido e do nosso grupo é consenso que o trabalho tinha que continuar. E o principal de tudo é que a população também quer”, justificou. 

Tezelli buscará a reeleição com a professora Fátima Claro Nunes (PSD) como sua candidata a vice-prefeita. Sua chapa, denominada de “A Força da União”, é formada ainda pelo PSC, PL, PSDB, PSB, DC e Republicano. O grupo lançou mais de 100 candidatos a vereador. O prefeito disse que a expectativa do grupo é fazer 9 ou 10 cadeiras das 13 vagas existentes na Câmara Municipal.

Entre outros assuntos, o prefeito falou também da demora para implantação da Zona Azul, que segundo ele, a burocracia está sendo o principal problema. Sobre a falência da Fertimourão, ele afirmou: “Acho que o povo sabe separar bem vida particular de vida pública. Todos meus negócios e investimentos foram aqui na cidade. Tive acertos e erros, mas sempre na boa intenção. Nosso mandato está aí para avaliarem. Se acharem que a cidade melhorou e fui bom prefeito, eu continuo. Caso contrário não. É a democracia”, acrescentou. 

Nascido em Campo Mourão, Tauillo foi eleito em 2016 com 20.965 votos, correspondente a 51,43% dos votos válidos naquela eleição. Ele entrou na política em 1992, quando foi eleito vice do então prefeito Rubens Bueno. Na eleição seguinte (1996) elegeu-se prefeito e foi reeleito em 2000. Tentou novamente em 2008, quando perdeu para o então prefeito Nelson Tureck e em 2012, quando foi eleita a prefeita Regina Dubay. Leia abaixo a entrevista completa.

Tribuna do Interior – Quem é Tauillo Tezelli?
Tauillo Tezelli – Sou pai do Miécio e Marton, vô da Marinana, Nina e o João. Tudo isso com minha companheira Hosana. Sou nascido em Campo Mourão, todos meus negócios e minha vida foram construídos aqui. Sou um homem que tem prazer e estar na vida pública e melhorar a vida das pessoas. Muito feliz pelo tanto de amigos que tenho nessa cidade que eu amo.

Porque o senhor colocou seu nome à reeleição?
Principalmente porque Campo Mourão não pode retroagir, voltar para trás.  Quando eu saí da prefeitura em 2004, se tivessem dado sequência ao trabalho e tivesse vindo uma sequência de bons mandatos eu não voltaria para a vida pública. Acontece que discordo totalmente de como foram as três administrações que me sucederam. E eles estão querendo voltar em uma nova roupagem com todos elementos e pessoas que participaram da gestão Nelson/Regina e Regina/Rodrigo. Portanto, dentro do partido e do nosso grupo é consenso que o trabalho tinha que continuar. E o principal de tudo é que a população também quer. Monitoramos com pesquisa e nosso mandato tem um alto grau de aprovação. 

Recentemente a Justiça decretou na 1ª instância a falência da Fertimourão, sua empresa. O senhor acha que isso pode influenciar na campanha ?
Então…Como o mandato é bem avaliado e eles [a oposição] não tem muito o que falar na vida pública tentam usar esse problema da vida pessoal e empresarial. Já usaram muito  isso na última campanha e eu venci. Acho que o povo sabe separar bem vida particular de vida pública. A população observa quem tenta tripudiar e tirar proveito da desgraça alheia. Infelizmente aconteceu isso com a minha empresa, que era a segunda maior do município, tem mais de 40 anos e arrecadou muitos impostos e gerou muitos empregos. Só quebra quem trabalha, quem produz e quem ajuda a cidade.  E eu trabalhei desde os meus 7 anos. Todos meus negócios e investimentos foram aqui na cidade. Não tive herança, conquistei e perdi. Isso é da vida empresarial. Mas eu já fiz muito na vida empresarial como na vida pública, ando de cabeça erguida. Tive acertos e erros, mas sempre na boa intenção. Nosso mandato está aí para avaliarem. Se acharem que a cidade melhorou e fui bom prefeito, eu continuo. Caso contrário não. É a democracia.

Algum investimento que estava nos planos e não conseguiu realizar?
A entrada de Maringá, que está com  recursos garantidos. Primeiro o ex-governador Beto Richa assinou convênio de R$ 15 milhões e depositou o dinheiro na conta para este convênio e a sucessora dele, a governadora Cida Borghetti infelizmente nos tirou e transferiu para outra cidade. Depois reativamos o compromisso com o governador Ratinho Jr, que fez um compromisso público. Porém  a burocracia do projeto atrasou e estamos finalizando o projeto para terminar no próximo mandato. 

Desde que assumiu o município o senhor sempre reclamou da falta de recursos próprios para investimentos, considerada pela administração a principal dificuldade para a gestão. Caso seja reeleito para o próximo mandato como espera que seja?
As dificuldades de arrecadação irão continuar. A situação estava melhorando, junto com as economias que fizemos e daí veio a pandemia. Esse é mais um ponto importante para que tenhamos na administração com experiência comprovada em gestão pública. Nosso mandato nos credenciam a continuar.

Hoje qual a situação financeira do município?
É uma situação complicada devido ao orçamento já comprometido com previdência, folha salarial e despesas obrigatórias que já consomem em torno de 70% da arrecadação.  Lembrando que pegamos um município com cerca de R$ 40 milhões em dívidas e com o 13° dos servidores atrasado. 

Qual sua bandeira para as eleições deste ano?
A Força da União. Conseguimos unir em torno deste projeto os três deputados que representam a região.  Estão conosco o deputado/secretário Marcio Nunes, o deputado estadual Douglas Fabrício e nosso deputado Federal, Rubens Bueno. Juntos com o apoio irrestrito do Governador Ratinho Jr. 

Como está sendo elaborado seu plano de governo?
Plano de governo sempre norteou nossas campanhas, levamos muito a sério isso. Nosso plano sempre é feito ouvindo a população e as pessoas técnicas de cada área. O plano já está disponível e ficou muito bem feito com foco em humanidade e modernidade.

Uma das reclamações mais frequentes da população é com relação a saúde no município. Como o senhor avalia esta área? Houve avanços? O que mudou? 
Nós melhoramos muito a área da saúde. Primeiro, colocamos a UPA pra funcionar, que é um custo altíssimo mensal. Porém presta um excelente atendimento, com aprovação da população. Aumentamos os recursos para o hospital Santa Casa, fizemos mutirões de consultas e diversas áreas, aumentamos o número de médicos, transformamos o antigo 24 horas em um posto de saúde até a meia noite para atender apenas a região do Lar Paraná  e lá fizemos um centro de especialidades para toda a cidade. Acabaram as filas em postos de saúde, agora todas consultas são agendadas.  Aumentamos de 17 para 21 equipes de médico da família. Nunca deixamos faltar remédio nos postos de saúde, por falta de recursos, o que vinha ocorrendo. 

Atualmente Campo Mourão tem quase 800 crianças na fila de espera para vagas em creches. O que mudou em relação a isso desde que o senhor assumiu a prefeitura e porque ainda existe uma fila tão grande? 
Importante essa pergunta. Fico à vontade pra falar desse assunto porque a maioria disparada das creches que tem na cidade foram feitas nos meus mandatos. Temos 4.600 crianças nas creches e todo ano abre a fila para crianças novas, que são essas 800 que você mencionou. Porém durante o ano nós zeramos isso, com entrada desses novos e a saída das crianças que vão para ensino fundamental, aonde temos 6.800 crianças. Pegamos em 2017, início desta gestão a cidade com 4 mil crianças nas creches (CMEI’s). Em 2021, terá 5.100 crianças. Portanto aumentamos em mais de 1 mil vagas. Outra informação importante é que as crianças de 0 a 3 anos não estão na obrigatoriedade da lei para darmos vagas, porém nós atendemos todas as idades e incluímos as crianças de 0 a 3 também. Importante ressaltar ainda é que as listas eram feitas em caderninhos. Nós digitalizamos e colocamos no portal da transparência. Não tem mais favorzinho pra conhecido. Favor em troca de voto. 

Tanto se falou da Zona Azul aprovada em Campo Mourão, uma necessidade para o município. A licitação iniciou em 2018, porém, até hoje, 32 meses depois, nada saiu do papel. O que aconteceu?
Está acontecendo, foi feita a licitação e as empresas que perderam estão questionando na esfera administrativa e judicial e atrasou todo o processo. Infelizmente a burocracia do setor público e das leis atrasando em muito as implementações necessárias. Mas vamos resolver e vamos implantar. 

Quando o senhor assumiu a prefeitura uma das grandes demandas da população era em relação à pavimentação asfáltica. Hoje boa parte da cidade recebeu investimentos no setor. Porém, algumas localidades ainda continuam sem esta atenção. O que o senhor tem a dizer sobre os investimentos neste segmento e porque alguns bairros deixaram de ser atendidos?
Fizemos o maior recape da história da cidade. Entre recape e asfalto novo, foram em torno de 180 quilômetros. Posso te afirmar que é a cidade que mais recapou proporcionalmente no Paraná. Foi feito tudo que deu pra fazer com recursos, tempo, e financiamento disponível. Estamos fazendo a Vila Guarujá, que não tinha títulos do terreno e levando infraestrutura para lá, após mais de 40 anos de espera. Sinceramente todas regiões da cidade foram atendidas. As poucas ruas que faltaram será feita no próximo mandato. O trabalho vai continuar.

Foi definido em convenção o nome de Fatima Nunes como sua candidata a vice-prefeita. Caso seja reeleito, o que espera de sua vice? 
Parceria e ajuda no fortalecimento da Força da União em prol de Campo Mourão. A Fátima e principalmente meu atual vice, o Beto Voidelo, que abriu mão da reeleição em prol da união, são os símbolos dessa coligação. 

Esta escolha o agradou? 
Agradou sim, o nome não foi imposto, foi bem conversado, debatido internamente e no grupo. E trouxe um forte grupo para a coligação. Além disso trouxe duas excelentes chapas de candidatos a vereador.

Em relação aos candidatos a vereador do grupo, como avalia os nomes lançados e qual a expectativa de quantos sejam eleitos? 
Temos mais de 100 candidatos a vereador. Eu nunca tive tantos candidatos me ajudando e nunca tive uma chapa tão forte em uma coligação. A expectativa do nosso grupo é fazer 9 ou 10 cadeiras das 13 vagas existentes. 

Neste mandato como foi o apoio da Câmara Municipal e dos Governos Estadual e Federal à administração? 
Importante essa pergunta. A Câmara me ajudou muito. Sem o apoio deles não teríamos feito tanto. Em nome do meu companheiro Battilani que faleceu recentemente e do Olivino, os dois presidentes durante meu mandato, eu agradeço a Câmara. Com o Governo Estadual o relacionamento é excelente, próximo e direto com ele. O Governo Federal nos ajudou muito na pandemia, só tenho a agradecer. É um Governo que torço muito pra dar certo, torço e elogio o movimento reformista deste governo assim como o pensamento na economia.

Na sua opinião, qual o principal problema atualmente em Campo Mourão?
Nosso maior problema é que atitudes populistas de mandatos anteriores deixaram a situação financeira contábil comprometida. Nos meus outros mandatos a gente economizava e tinha capacidade de fazer investimentos com recursos municipais. Hoje em dia nosso orçamento está quase inteiro comprometido com custeio e despesas obrigatórias. E para investimentos temos que ter bom relacionamento com Governo Estadual para viabilizar as grandes obras.  

Como o senhor define Campo Mourão hoje em relação à situação atual da cidade? 
O mourãoense voltou a ter auto-estima, orgulho de viver aqui, orgulho em receber visitas e mostrar uma cidade bem cuidada. Nossa expectativa que isso melhore ainda mais.

Como avalia sua atual gestão? 
Eu avalio como muito positiva. Fizemos muita coisa mesmo. Meus outros mandatos foram bem avaliados, inclusive premiado nacionalmente como das 5 melhores gestões do Brasil pela revista “Isto é e SBT”. Porém, acho que este foi melhor mandato que fizemos. Ainda mais pela situação lastimável que pegamos o município totalmente endividado. 

Como está sendo cuidar do município tendo que enfrentar a pandemia do novo coronavírus (Covid-19)? 
Foi o maior desafio e está sendo da minha vida pública. Enfrentamos com transparência e serenidade. Ouvindo os técnicos e sendo firmes nas decisões. Não desperdiçamos dinheiro público com hospitais de campanha. Investimos na Santa Casa e investimentos que irão ficar. A população aprovou e nos ajudou na condução. A população foi fundamental no combate. 

Quanto o município recebeu para enfrentamento à pandemia e quanto foi aplicado até o momento? 
Recebeu do Governo Federal para saúde em torno de R$ 24 milhões. Sendo que já pagamos em torno de R$ 8 milhões. Tem mais R$ 9 milhões empenhados. E temos uma sobra de R$ 7 milhões que estamos poupando com planejamento, já que não sabemos até quando a pandemia irá durar. 

Qual sua expectativa para a campanha eleitoral este ano?
Expectativa de vitória e de reconhecimento do trabalho.

Esta será uma campanha eleitoral diferente de todas as outras por conta da pandemia do Covid-19. Como o senhor vê esta situação e o que espera deste novo modelo de campanha forçado pela pandemia? 
Te confesso que gosto da campanha no corpo a corpo. Quem me conhece sabe que gosto de estar com a população. Desde que entrei na vida pública, mesmo sem mandato, sempre estive nos bairros visitando. Não apareço só em época de eleição, conheço a cidade inteira, seus problemas, suas ruas, os bairros. Espero uma campanha nas redes sociais, que poderemos mostrar tudo que foi feito em cada área e em cada região. Acho que a população está atenta às fakes news e infelizmente isso vai ocorrer, como já ocorreu na campanha passada.

Caso o senhor seja reeleito prefeito de Campo Mourão o que a população pode esperar de Tauillo Tezelli? 
Trabalho, trabalho e trabalho. Esperar também uma equipe técnica, focada na gestão e em melhorar a vida das pessoas. Características que nunca faltaram em nossos mandatos.