Em ação exemplar, policial militar faz pedal de conscientização à doação de medula óssea
O cabo do Batalhão de Polícia Ambiental (BPAMB), Marcelo Borges Vieira, é um exemplo. Há alguns anos, ele vem disseminando uma campanha de incentivo à doação de medula óssea. Para isso, aproveita suas férias fazendo um pedal conscientizando a população por onde passa. Neste ano, não poderia ser diferente. Ele, inclusive, já está no trecho novamente. Saiu de Paranavaí rumo a Curitiba, um percurso de 505 quilômetros. Esta semana, fez uma pausa no batalhão de Polícia Militar (PM) de Campo Mourão.
Além da intenção de conscientizar a população sobre a importância da doação de medula óssea e a possibilidade de salvar vidas, este ano, a campanha também marca os 25 anos dele na Polícia Militar (PM). “As pessoas perguntam o que me atraiu a essa campanha, se foi a dor ou o amor. Eu falo, graças a Deus, é o amor”, comentou, em entrevista concedida à “TV Carajás”.
Borges explicou que vinha contribuindo com a Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (APACN) em Curitiba, uma casa que recebe crianças de todo o Brasil em tratamento de câncer. Segundo o cabo Vieira, no início, ele ajudava com doações. Depois, também acabou contribuindo com alguns eventos para arrecadar fundos. Isso o levou a entender que nem sempre a radioterapia ou a quimioterapia são suficientes para curar uma pessoa que tem câncer, sendo necessário, em alguns casos, receber a medula óssea.
O policial segue passando por algumas unidades da PMPR, nas quais faz repouso, alimentação e divulgação da campanha, como fez na de Campo Mourão esta semana.
Números
De acordo com a Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa–PR), o estado realizou, de julho a dezembro de 2022, seis transplantes de medula óssea bem-sucedidos. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a cada seis meses, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) informa ao Centro de Hematologia do Paraná (Hemepar) quantos transplantes exitosos desse tipo foram feitos.
A probabilidade de encontrar alguém compatível pode chegar de 1 a cada 100 mil até 1 a cada 1 milhão de habitantes. Em função das características genéticas, a chance de haver compatibilidade é de 30% entre irmãos, e é muito menor quando não existe nenhum grau de parentesco.
Para se tornar um doador de medula óssea, a pessoa deve ter de 18 a 35 anos, estar com boa saúde e fazer um cadastramento prévio. No caso do Paraná, esse cadastro está disponível em toda hemorrede estadual, onde são coletadas as informações pessoais.
Além disso, será necessária a coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para o teste de compatibilidade, conhecido como histocompatibilidade (HLA). Essa pequena amostra serve para identificar as características genéticas do possível doador.
O Paraná possui 567.941 doadores, sendo que o Hemocentro Coordenador, situado em Curitiba, é o local onde se concentra o maior número, com 227.176 cadastros. A Central Estadual de Transplantes é a coordenadora de todo o processo de cadastramento de doador voluntário de medula óssea.
Todos os dados são incluídos no Redome, que posteriormente faz o cruzamento das informações dos pacientes que necessitam do transplante de medula óssea.
Compatibilidade
Em caso de identificação de compatibilidade com um paciente, o doador será contatado para fazer outros testes para a efetividade da doação. A medula óssea pode ser coletada de duas maneiras. Cabe ao médico decidir qual é a melhor para cada caso. Uma delas ocorre no centro cirúrgico para a retirada do interior dos ossos da bacia por meio de uma punção com agulha. Os doadores retomam suas atividades habituais uma semana após a doação.
Na outra, o doador utiliza medicação para a mobilização de células da medula óssea para a corrente sanguínea. Elas são obtidas por meio de punção venosa no antebraço. Nas duas situações, a medula óssea do doador se recompõe em 15 dias, com a recuperação total do organismo.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Registro de Doador Voluntário existe em diferentes países. O Brasil possui o terceiro maior registro do mundo, com 5,5 milhões de brasileiros cadastrados. Para atualizar o cadastro, acesse o site redome.inca.gov.br, clicando na aba doador: atualize seu cadastro.
Medula óssea
A medula óssea, encontrada no interior dos ossos, contém as células-tronco hematopoiéticas (são as células com potencial para dar origem a todos os tipos de células sanguíneas) que produzem os componentes do sangue e é essencial para a defesa do organismo. Essas células transplantadas da medula são utilizadas em pacientes, por exemplo, com leucemia e síndromes de imunodeficiência congênita.