Perícia confirma que R$ 750 mil desviados das contas de Roncador não foi falha da prefeitura
Designado pelo secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Hudson Leôncio Teixeira, para investigar o ataque hacker que desviou dinheiro de várias prefeituras do Paraná com contas na Caixa Econômica Federal (CEF), o delegado Emmanoel Aschidamini David, chefe da delegacia de Estelionatos de Curitiba, que conduz o caso, esteve em Roncador nesta terça-feira (15). Ele apresentou um laudo preliminar da perícia realizada no computador da prefeitura, que, em tese, poderia ter sido utilizado para o golpe. A perícia confirmou que no momento da transferência do dinheiro, R$ 750 mil, no dia 29 de março, às 5 horas, quando começaram as transações, a máquina estava desligada. Ou seja, toda a ação criminosa foi externa. De fora da prefeitura. Desta forma, não foi falha do município.
“A análise criminal dos laudos preliminares mostra que o computador utilizado em Roncador, que em tese poderia ter sido utilizado para o golpe estava desligado no momento das transferências. Ou seja, a fraude não aconteceu do computador da prefeitura. Não aconteceu de dentro da prefeitura”, explicou. Entre os vários inquéritos abertos pela Polícia Civil do Paraná para investigar o caso, o de Roncador é o que está tendo a primeira resposta.
O delegado afirmou que a Polícia Civil do Paraná está investigando o caso com todo empenho. Segundo ele, inquéritos estão instaurados, inclusive, com a criminalística da PC, já periciando computadores de algumas prefeituras, inclusive a de Roncador, cujo resultado preliminar foi apresentado nessa terça à Procuradoria Jurídica do município.
David, informou que até o momento a Polícia Civil ainda não tem condição de identificar de onde os criminosos agiram. “Nosso empenho é tentar identificar de onde partiram os ataques, de onde são as contas, os beneficiários, para onde o dinheiro foi e de onde foram os acessos de internet, para a responsabilização destes criminosos”, argumentou.
Conforme o delegado, a delegacia de Estelionatos trabalha com todas as linhas de investigação, como a possível participação de funcionários da Caixa Econômica, facilitação de acesso, entre outras.
A procuradora jurídica de Roncador, Roberta Barco Lopes, informou que logo após detectar o ataque, no dia 29 de março, o município registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e Polícia Federal. “As operações começaram às 5 horas da madrugada, ou seja, fora do horário de expediente. Foram feitas várias transferências diretamente pelo sistema da Caixa Econômica Federal (Vanpix)”, explicou Roberta.
Dos R$ 750 mil desviados, foram estornados R$ 328.303,93 às contas das prefeituras por bancos que estranharam a movimentação, bloqueando a transação. “A Caixa Econômica não devolveu nada. Estamos lutando na Justiça para reaver o restante”, ressaltou a procuradora. Segundo ela, o laudo da perícia corrobora com o posicionamento da prefeitura de que não foi sua responsabilidade o ataque. “Este laudo preliminar prova que não foi falha de nenhum servidor do município. Ou seja, é responsabilidade da Caixa”, argumentou.
A advogada acrescentou que o trabalho da Polícia Civil tem sido de fundamental importância para esclarecer o caso. “Com o laudo da perícia em mãos vamos recorrer à esfera cível e até administrativa para indenização dos valores desviados”, falou.
Outras prefeituras
Em todo o Paraná, pelo menos 20 prefeituras registraram boletim de ocorrência denunciando o desvio de recursos por hackers através do sistema da Caixa Econômica.
Da Comcam, além de Roncador, perderam dinheiro com os ataques cibernéticos a prefeitura de Mamborê (R$ 180 mil), Quinta do Sol (R$ 56 mil), além da Santa Casa de Campo Mourão (240 mil). O prejuízo causado aos municípios ultrapassa os R$ 7 milhões.