Abandono e maus-tratos a animais aumentam em Luiziana e ONG alerta para problema
O aumento de abandono e casos de maus-tratos a animais, principalmente a cães, nos últimos meses traz preocupação à Associação Protetora dos Animais de Luiziana (Apaluz), Organização Não Governamental (ONG). A presidente da ONG, Maria Helena Darolt, que é também voluntária da Associação São Francisco em Campo Mourão, comentou que alguns moradores parecem estar simplesmente “despejando” seus cães nas ruas.
Maria Helena explicou que muitos moradores parecem ter o entendimento equivocado de que é obrigação da ONG cuidar destes animais e, com isso, chegam a cobrar a entidade para resolver o problema. “A gente está na luta. A Apaluz presta diariamente serviço voluntário aos animais, mas a obrigação de cuidar é do tutor e não nossa”, afirmou. Segundo ela, depois que a ONG começou a atuar na cidade, aparentemente alguns moradores passaram a soltar mais animais nas ruas.
Maria Helena chamou a atenção também para os casos de maus tratos. Na noite dessa quinta-feira (23), por exemplo, a entidade denunciou uma situação à Polícia Militar. Uma tutora deixou uma cachorra amarrada no meio da forte chuva de ontem à noite. Essa mesma senhora já havia recebido ajuda da Apaluz recentemente, quando o animal deu à luz aos filhotes.
“Essa cachorra sempre foi maltratada. Já quase morreu para dar cria. Nós pagamos a cesária e todos os procedimentos e ainda demos uma casinha para o animal. Mas mesmo assim ela continuou judiando. A ‘gota d’água’ foi nessa quinta-feira, quando a tutora deixou a cadela amarrada longe da casinha e o animal tomou toda aquela chuva forte que caiu. Nossas voluntárias denunciaram o caso à polícia, que foi até a casa dela para os procedimentos legais”, informou. “Maus tratos é crime e pode levar o (in) responsável à prisão”, alertou, ao comentar que leis existem para punir esse tipo de crime, mas falta fiscalização para o cumprimento.
Segundo a presidente da ONG, voluntários encontram diariamente todo tipo de animal em situação de rua em Luiziana. São filhotes, cães adultos, idosos e até animais doentes. “Tem muita gente que mora em propriedade rural e vem na cidade soltar os bichos. É muito comum resgatarmos cães de caça doente”, denunciou. Além do sofrimento dos animais, existem também riscos aos moradores, que podem a qualquer momento ser atacados por estes bichos. “É uma questão de saúde pública”, classificou Maria Helena.
Política pública municipal
Maria Helena comentou que, para resolver a situação, a prefeitura deveria implantar uma política pública municipal voltada ao bem-estar do animal, com programa de castração municipal e microchipagem para identificação desses bichos, por exemplo. Hoje, segundo ela, o município não tem nem mesmo um levantamento da quantidade de cães em situação de rua na cidade. “Já tínhamos cobrado isso da gestão passada e vamos voltar a pedir este levantamento ao novo prefeito”, falou.
Ela sugeriu que o município implante um “Castra Pet Municipal”, como o de Campo Mourão, por exemplo. Segundo a voluntária, só o Castra Pet do Governo do Paraná não está sendo suficiente para o controle populacional de cães de rua e até mesmo animais domésticos em Luiziana. Em 2024, segundo Maria Helena, foram realizadas 251 castrações de animais pelo Estado em Luiziana e mais 58 pela ONG. “É um número muito pequeno comparado à demanda que temos”, alertou.
Maria Helena alertou que a Apaluz agora passará a denunciar casos de maus tratos ou abandono de animais às autoridades policiais e ao Ministério Público para que os responsáveis possam ser punidos administrativamente e criminalmente. “Até então íamos ao local, ajudávamos a pessoa e orientávamos. Mas a partir de agora vamos denunciar direto. Não é possível aceitar mais este tipo de situação”, avisou.