Aos 33 anos, a roncadorense Marcia Saqueto venceu o câncer de mama

Há quase 1 ano, no dia 21 de novembro de 2023, a nutricionista Marcia Saqueto, moradora do município de Roncador, recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Carcinoma invasivo foi o tipo identificado da doença. No mês da campanha Outubro Rosa, que visa à conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo do útero, a TRIBUNA traz a história da jovem de 33 anos – “idade de Cristo”, conforme ela mesma lembrou. Marcia contou como foi o processo desde que descobriu a doença e alertou outras mulheres a também fazerem o autoexame e os procedimentos preventivos necessários precocemente para, assim como ela, terem mais chances de cura.

A grande jornada da jovem começou no dia 28 de outubro do ano passado, quando, aos 32 anos, ela encontrou um nódulo em uma das mamas. “Ele tinha mais ou menos o tamanho de um ovo”, falou. Antes disso, não apresentou sinais claros da doença. “Uns dois meses antes de eu localizar o nódulo, as minhas mamas estavam bem doloridas, mas não tinha nada”, falou. Após suspeitar do caroço em sua mama, Marcia já marcou uma consulta com um médico, que solicitou uma ultrassonografia.

Durante o procedimento, feito em Campo Mourão, o especialista alertou a paciente de que havia algo ‘diferente’ e que precisava ser investigado. Por isso, ele solicitou uma biópsia. Consciente da situação, roncadorense logo colocou em prática a orientação médica e realizou a biópsia alguns dias depois, em 1º de novembro – ‘Dia de Todos os Santos’, conforme lembrou ela –, em Cascavel. “O resultado saiu com três semanas”, disse.

Foi quando recebeu o diagnóstico da doença. “Como ele era invasivo e cresceu rápido, durante a espera do resultado da biópsia, em três semanas, ele triplicou de tamanho. Eu acho que ele apareceu e, com, no máximo, trinta dias, eu já encontrei, e ele estava em um tamanho de quatro centímetros”, contou. Apesar de, para muitos, uma notícia como essa ser devastadora, a roncadorense se manteve confiante. “Desde o momento que eu vi que poderia ser algo agressivo, eu fiquei firme”, relatou.

Com fé e perseverante de que Deus e seus intercessores providenciaria a cura, a roncadorense não se deixou abater e continuou sempre sorridente e feliz

O que a moveu – e a sustenta até hoje? A fé em Deus e em seus intercessores. “Eu sempre soube que tenho muita fé. Mas, com o diagnóstico do câncer, eu descobri que a minha fé é do tamanho do Universo, não tem dimensões”, expressou. Pouco tempo depois de descobrir a doença, em 28 de novembro do ano passado, Marcia completou 33 anos. “A minha idade de Cristo foi diferente”, brincou, dizendo que não se deixou abater durante o processo pelo qual passou.

Após o diagnóstico da doença, Marcia recebeu cuidado, amor e carinho de muitas pessoas, incluindo familiares, amigos e colegas de trabalho. “Eu percebi e vi o tanto que sou amada”, expressou

O processo: tratamento, trabalho, família e amigos

Marcia durante última sessão de quimioterapia, após ter realizado a cirurgia

Após receber o diagnóstico do câncer de mama, Marcia logo iniciou o tratamento no Centro de Oncologia Cascavel (CEONC). As seis sessões de quimioterapia, diversos exames médicos, a cirurgia para retirar o quadrante – sem necessidade de retirar a mama, visto que o nódulo foi identificado e o tratamento iniciado precocemente –, bem como as 18 sessões de radioterapia não impediram que a jovem continuasse seguindo a sua vida.

Ela manteve a confiança do início ao fim. A família, por vezes, se entristeceu. “Minha mãe, meu pai e meus irmãos ficaram desesperados, choraram bastante, e eu sempre firme, falando: ‘Pode parar de chorar, não quero ninguém triste’”, disse, com fé e a certeza de que seria curada. “Acredito e sempre disse que eu seria um milagre vivo e seria curada”, complementou.

Diante da gravidade da doença, muitos de seus amigos, colegas de trabalho e conhecidos, quando a encontravam, inconformados, perguntavam: ‘Por que você, Marcia?’. Ela já tinha a resposta pronta: ‘Porque Deus quis que eu ficasse mais pertinho dEle, por isso, Ele me deu isso. Então, eu recebo e aceito’, respondia ela.

Isso não quer dizer que o processo foi tranquilo o tempo todo. “Tem a parte assustadora”, recordou-se. Porém, para ela, o que se sobressaiu foi a esperança que nunca deixou de existir e o cuidado, amor e carinho recebidos das pessoas. “O que mais me marcou foram os meus familiares, amigos e todas as pessoas que ficaram comigo firmes, acreditando e, na verdade, demonstrando o afeto, carinho e cuidado”, enfatizou. “Eu percebi e vi o tanto que sou amada”, emendou emocionada.

A nutricionista não deixou de trabalhar durante o tratamento, recebendo apoio e carinho dos colegas e amigos

Por mais desafiadora que tenha sido essa trajetória nos últimos meses, Marcia conciliou o tratamento com as diversas atividades que realiza no dia a dia e os três trabalhos em que atua como nutricionista responsável técnica: no Hospital Municipal, no Lar de Idosos Cantinho Feliz e na Associação de Saúde Instituição Beneficente Regional de Roncador (IBRR), atendendo também em Mato Rico. “Eu só me adaptava conforme a necessidade do dia da quimioterapia”, informou. Também precisou se afastar, mas pouco tempo, após a cirurgia e para as sessões de radioterapia, que finalizaram recentemente, em junho.

Depois de realizar todo o tratamento médico mais invasivo, como protocolo-padrão, Marcia segue tomando medicamento e em acompanhamento médico pelos próximos anos, mas ela já pode viver uma ‘vida normal’, sem a doença, conforme explicou. Diante da experiência vivida pela jovem, ela deixou um alerta a todas as mulheres. “Façam o autoexame, se cuidem, se conheçam; se encontrarem algo, vão investigar”, recomendou, ao destacar que, assim como o caso dela, quando a doença é detectada no início, tem mais chances de cura.

Orientações

Como profissional nutricionista, Marcia aproveitou para salientar a importância de se ter hábitos saudáveis desde criança. Esse fator também foi importante para ela própria ter uma resposta mais rápida e tranquila durante o tratamento e recuperação da doença. “Com uma alimentação mais adequada, rica em macro e micronutrientes, todas as vitaminas e minerais, alimentos in natura, livres de tanto veneno e outros inseticidas, a gente consegue ter uma alimentação mais saudável e o organismo com um funcionamento mais dentro da normalidade”, orientou.

Ela lembrou que, como o tratamento foi agressivo e os medicamentos eram fortes, manter uma boa qualidade de vida fez com que seu organismo não sentisse tantas reações. “Se a gente conseguir ter hábitos de uma alimentação e uma vida saudável, se alimentar adequadamente, sem exageros, sem alimentos que são de baixos nutrientes, tomar água, dois litros ou mais por dia, praticar atividade física, tudo isso vai ajudar toda a pessoa que necessite de qualquer tipo de tratamento”, indicou a profissional da saúde, com base nos seus conhecimentos, assim como por experiência própria.