Com obra de saneamento rural paralisada, famílias sofrem com escassez de água em Roncador

Há mais de 20 anos reivindicando um sistema de saneamento de água, o sonho quase se tornou realidade para 61 famílias residentes nas comunidades rurais do Incruso, Três Estrelas e Glebra 8, no município de Roncador, no final do ano passado. É que as obras de implantação do sistema paralisaram, faltando apenas cerca de 1 quilômetro de tubulação para ser instalado. Enquanto isso, principalmente neste período de estiagem, moradores dessas comunidades vêm sofrendo com a escassez de água para consumo. Eles estão sendo atendidos pela prefeitura, que envia caminhões-pipa para abastecimento dos imóveis com água potável. Um sofrimento imensurável para acesso a algo tão básico.

O produtor rural e presidente da Associação de Moradores que engloba as três comunidades, João Alexandre Pemper, disse que vem sendo cobrado pelos moradores para a conclusão do serviço, considerado como uma das maiores obras de saneamento rural já feitas no Paraná por sua extensão – 15 quilômetros de rede. Ele já recorreu à prefeitura, mas, conforme alega, a obra não foi concluída por entraves de convênio entre a Sanepar e o município. “Pelo que sabemos, a Sanepar teria ficado responsável por esta última etapa, que inclui a instalação da bomba no poço artesiano (já perfurado), do reservatório de água e a conclusão da instalação do encanamento e da rede elétrica”, informou.

Segundo o presidente, a obra saiu do papel efetivamente há cerca de três a quatro meses antes da eleição, em 2024. Nestes primeiros meses, relatou, avançou muito, mas quando foi em setembro, paralisou e continua até hoje. Pemper informou que a obra é avaliada em cerca de R$ 500 mil. Segundo ele, o município entrou com contrapartida de recursos e forneceu maquinários e operadores para a escavação das valetas para instalação das tubulações, e os moradores da comunidade contribuíram com R$ 300,00 por família e contrataram por conta própria quatro pessoas para fazer a instalação das tubulações fornecidas pela Sanepar.

Segundo Pemper, foi feito o ligamento de cerca de 14 quilômetros de tubulação, mas faltando aproximadamente 1 km para a conclusão, como envolve um trabalho mais técnico já que exige a ligação elétrica e instalação do reservatório de água, esta parte teria ficado a cargo da Sanepar. “Nesta última fase, a parte elétrica tem que ser ligada junto com o encanamento”, explicou. O problema é que já se passaram seis meses e a obra ainda está paralisada. Enquanto isso, as famílias das três comunidades vêm enfrentando transtornos. “O povo está sem água. Estamos como no Nordeste, com o caminhão entregando água nas residências”, ressaltou o presidente da associação de moradores.

Pemper informou que o poço artesiano foi perfurado na localidade há mais de três anos. Ele disse que a prefeitura construiu a casa de máquinas e a estrutura para colocação do reservatório de água para a Sanepar concluir a instalação. “Já procurei a prefeita Marília, mas ela nos disse que o município não tem o que fazer”, afirmou.

Para a conclusão da instalação do sistema de saneamento, falta a instalação de cerca de 1 quilômetro de encanamento, instalação da bomba de água no poço artesiano e ligamento da rede elétrica. “A própria Sanepar me informou que seria cerca de 15 a 20 dias no máximo de serviço para terminar”, observou o presidente da associação, ao lembrar de todo o trabalho já feito no local e do dinheiro investido pelos próprios moradores.

Pemper frisou que a situação mais grave é das famílias que residem na comunidade Três Estrelas. Lá, segundo ele, os imóveis são abastecidos por minas de água, que, com a estiagem das últimas semanas, secaram. Com isso, esses moradores são atendidos pelo município que distribui água potável com caminhões-pipa. São pelo menos três viagens diárias. A comunidade fica a 30 quilômetros da sede do município, considerando o trajeto pela estrada de chão, e 45 quilômetros pelo asfalto. “É um absurdo deixar os moradores passarem por tanto sofrimento. O município vem atendendo, mas não é a mesma coisa”, lamentou.

O presidente da associação acrescentou que a obra é um sonho das famílias dessas comunidades e impactará diretamente na qualidade de vida dos moradores. “É uma questão de necessidade básica”, chamou a atenção.

Outro lado

Em contato com a Sanepar, a TRIBUNA foi informada de que o convênio com a prefeitura inicialmente foi firmado em março de 2023. Entretanto, devido a dificuldades iniciais da prefeitura com a empresa contratada, as duas primeiras fases do cronograma de implantação do abastecimento foram finalizadas em outubro de 2024, sendo necessário estabelecer a prorrogação do convênio para que as últimas fases do projeto tivessem andamento.

Conforme a empresa, em março deste ano, o convênio foi prorrogado por mais dois anos. “A prorrogação permite que a prefeitura dê sequência, por meio de licitação, nas obras de instalação elétrica, hidráulica e eletromecânica do sistema de bombeamento e tratamento de água, bem como às instruções e treinamento para a operação do sistema pela comunidade”, informou a Sanepar. Ainda segundo a empresa, pelo termo de prorrogação do convênio, a prefeitura licitará o serviço e a Sanepar fará o devido reembolso financeiro.