Com quebra de 45% da safra, colheita do trigo entra na reta final na região

O clima quente e seco está contribuindo para a colheita do trigo na região da Comcam que entrou para a reta final nesta semana. Segundo dados repassados à TRIBUNA nessa quarta-feira (2) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), núcleo de Campo Murão, cerca de 90% da área já foi colhida.

De acordo com o Deral, a área com trigo na região de Campo Mourão é de 100 mil hectares, dos quais 81 mil já foram colhidos. A produção média obtida está sendo de 1.735 quilos por hectare. Em função das adversidades climáticas, a estimativa de produção do cereal sofreu uma significativa quebra, falou o engenheiro agrônomo do Deral, Edilson Souza e Silva.

As estimativas iniciais do Deral apontavam para uma produção de 295 mil toneladas de trigo, porém, devido as fortes geadas entre o final de junho e início de julho e a estiagem prolongada, a produção reduziu para 165 mil toneladas, uma quebra de cerca de 45% da safra. Em algumas áreas a perda foi de 90%, outras até 100%. Quem escapou da geada está muito bem em termos de qualidade. Quem não escapou, pode ter trigo para ração, disse o agrônomo.

O Paraná é o maior produtor de trigo do Brasil, segundo o Deral, tem uma variabilidade grande no oeste. É crítica a situação em termos de volume e qualidade em algumas áreas. Boa parte do oeste vai ser classificada como triguilho, tem perda em volume e qualidade, informou o órgão.

As lavouras afetadas na região apenas pelo tempo seco até pode ter um trigo bom para a produção de farinha. Segundo Silva, quem foi afetado apenas pela seca pode ter uma boa qualidade, às vezes até melhor. Ele disse que pelo tempo seco na colheita, às vezes a produtividade menor colabora com teor de proteína mais alto.

Se não chover, a expectativa é que os trabalhos de colheita sejam concluídos até o fim desta semana. Restam apenas cerca de 9 mil hectares para colher, dentro de mais cinco ou seis dias, se não chover, o produtor consegue fechar a colheita na região, prevê Silva. Ainda conforme dados do Deral, da área que falta colher, 15% do trigo estão em condições ruins; 50%, médio; e 35%, bom.

Segundo Silva, a grande oferta momentânea do trigo refletiu nos preços, que foram de R$ 49,00 por saca de 60 kg para R$ 44,50. Se os preços permanecerem assim, isso vai comprovar que os produtores estavam certos em não ampliar a área de plantio neste ano. Eles previram que, provavelmente, o preço não se sustentaria, disse o agrônomo.

Paraná

No Paraná, a estimativa de área mantém-se em 1 milhão de hectares, 7% menor do que na safra 2018/2019. Quanto à produção, houve uma queda de 28% na estimativa inicial, e o valor foi atualizado para 2,3 milhões de toneladas. Parte dessa produção já havia sido reduzida nos meses anteriores em virtude das geadas e, no último mês, a perda foi acentuada pela seca.

As estimativas indicam que o Paraná terá uma das menores safras dos últimos anos, com as regiões Oeste e Centro-Oeste entre as principais atingidas. A colheita do trigo evoluiu em setembro, colocando mais um milhão de toneladas no mercado, aproximadamente um terço da moagem estadual para o ano.

Outra avaliação do Deral inclui os derivados do trigo. Nos dois primeiros quadrimestres de 2018, o preço do pão foi mais elevado do que nos últimos meses do ano, quando se colhe. Em 2019, a tendência se repetiu: o preço médio esteve relativamente alto nos primeiros oito meses, e em setembro aconteceu um primeiro recuo.

Este recuo, simultâneo à redução nos preços ao produtor de trigo, pode ajudar os moinhos a não voltarem aos preços praticados anteriormente e, consequentemente, esses podem não ser repassados às padarias. Desta forma espera-se que, ao menos no período de colheita, o preço do pão possa ficar abaixo do preço no período de entressafra, a exemplo de 2018.