Desgastado por Covid, prefeito faz desabafo: ‘Só não renuncio porque não sou covarde’
O desrespeito por parte da população, em Campina da Lagoa, às restrições de enfrentamento à pandemia de coronavírus (Covid-19), levou o prefeito da cidade, Milton Luiz Alves, a fazer um desabafo ao vivo durante entrevista a uma rádio da cidade. O prefeito, que já algum tempo demonstra ter perdido a paciência com a falta de comprometimento de alguns moradores, falou, inclusive em renúncia.
“Eu só não renuncio o meu mandato porque não tenho coragem de fazer isso. Me sinto covarde. Se eu renunciar tenho que ir embora de Campina da Lagoa ou dar um tiro na cabeça porque vou sentir vergonha pelo resto da vida por ter fugido da luta, por ter me acovardado de lutar pelo meu povo”, falou.
Alves disse que o 'boom' de casos da doença nos últimos dias é extremamente preocupante no município. Atualmente a cidade tem 1.146 casos confirmados de Covid, 156 ativos, e 35 mortes. “Agora não adianta brincar porque vamos multar e encaminhar ao Ministério Público. A grande maioria está brincando com a situação. E não se brinca com vidas. Eu não queria ter perdido nenhuma vítima para a covid”, falou.
Ele disse que a única esperança contra a Covid é a vacina, porém cobra que a população leve a doença mais a sério seguindo as normas de prevenção. “Teve um cidadão que saiu da cidade para comemorar o aniversário do neto. Tive que chamar a Polícia Militar para fechar o estabelecimento dele. Eu não quero multar ninguém. Nos ajudem”, pediu.
Alves diz que sabe de casos de pessoas que não tiveram nenhum caso de covid ainda na família e por isso vêm brincando com a doença. “Estão enganados. A covid está aí e não escolhe vítima. Eu não peguei porque estou me cuidando”, comentou.
O gestor disse que virou rotina receber ligações de moradores implorando por vagas de hospital. “Tem dias que não durmo recebendo mensagens e ligações de pessoas chorando para eu arrumar uma vaga de UTI para salvar um filho, uma mãe ou um pai com Covid. Lamentavelmente não tenho este poder. Até ligo para a central de leitos, mas a resposta que recebo é que tem outros 50 pacientes há dias aguardando leitos”, frisou.
O gestor acrescentou que fechar apenas só o comércio não essencial não está mais adiantando. Segundo ele, se alguma medida tiver de ser tomada, 'será muito radical'.