Henrique: o pescador de sonhos

Henrique Alexandre Andrade mora em Peabiru. Aos 31 anos, já trabalhou como empacotador de mercado e entregador. Depois, funcionário da Coamo. E por fim, dono de lanchonete. Mas quis o destino que o tempo mostrasse a verdadeira aptidão: a pescaria. Como consequência direta, se transformou em Youtuber. E é através de um canal em que acabou decifrando os códigos de sua vida. Hoje, com 260 mil inscritos e mais de 200 milhões de visualizações, passou a sobreviver financeiramente com os próprios vídeos e postagens sobre pesca. E isso, definitivamente, não é história de pescador, não. São resultados reais, fruto de muito trabalho e persistência.

Conta ele que a pesca surgiu ainda aos cinco anos com o exemplo do pai. “Meu pai foi minha maior referência. É com ele que aprendi tudo”, disse. Então, aguçando o lazer a cada fim de semana, foi se aprimorando. E para mostrar a prática da pescaria raiz, montou há quatro anos o seu canal no YouTube. “Meu canal é versátil. Mostro todos os lados da pesca, principalmente, a esportiva. Mas quando dá vontade de comer um peixe, eu o levo para casa”, explicou.

A realização de seu canal, além de um sonho, teve e tem como objetivo mostrar a realidade pela qual passa um pescador em meio ao mato. Assim como os seus perigos. Segundo ele, o meio rural ainda esconde muitas surpresas. A começar com cobras e, até, onças. “Com a vegetação alta, sempre é perigoso. Além disso, como faço a pesca de caiaque, o perigo da água sempre nos acompanha. Qualquer vacilo você pode cair e se afogar”, disse.

No seu caso, não foram poucas as vezes em que se deparou com serpentes. “Onça eu sempre acho o rastro. Também já dei de cara com um jacaré muito grande. O maior que eu já vi. É nessas horas que o pescador tem que manter a calma. Porque se não, o desespero faz com que coisas erradas aconteçam”, disse.

Agora, com o canal consolidado, Henrique se tornou um pescador profissional e criador de conteúdo. Para aumentar a renda, também faz propaganda de algumas lojas. “Pesco todos os dias. Porém não é sempre que sai vídeo, infelizmente. Com a vinda de uma usina no Rio Mourão, os peixes sumiram. Acabaram. O rio secou, prejudicando muito a criação de conteúdo nessa região” afirmou. Atualmente, Henrique vive da renda do canal e de um patrocinador. “Graças a Deus o YouTube está realizando meus sonhos. De muitas conquistas que talvez eu não conseguiria”, explicou.

Viajando por muitos estados, Henrique já fisgou uma Pirarara de 40 quilos no interior de São Paulo. E são as viagens, uma vez ao mês, que o levaram a ter um vasto conhecimento na pescaria. Seja com a tralha, espécies ou com outros profissionais do ramo.

Henrique já alcançou mais de 200 milhões de visualizações em seu canal

Realidade e falta de peixes

Na região de Campo Mourão, segundo ele, os peixes estão desaparecendo. “Não sei explicar a falta de peixes. Em Peabiru então nem se fala. Lá não existem mais locais de pesca em rios. A usina implantada os dizimou. E ninguém fez nada. Não teve solta de peixes. E foi por isso que comecei a sair, viajando a outros estados. É o único jeito de manter os vídeos no canal”, afirmou. De acordo com ele, em uma semana, pescando todos os dias em rios da região, consegue pegar dois peixes.

Henrique busca evidenciar em seus posts, principalmente, a pesca raiz. É porque, de alguma forma, acaba tendo mais sucesso nos vídeos. “Eu vejo assim: a galera que me acompanha quer fazer o mesmo que eu nas pescarias. A pesca esportiva em si, é muito cara. Então, praticar a pesca raiz, com vara de mão, a turma se inspira mais. Muitas vezes as pessoas acham que vão pegar peixes apenas com uma tralha boa. E isso não é verdade. Estou tirando esse tabu e mostrando que o simples também funciona”, diz.

Pai inspirador

Inspiração de Henrique, o pai, Alexandre de Andrade, foi quem o influenciou. A verdade é que o genitor sempre pescou, desde menino. “Meu pai trabalha de entregador no mercado União, há 25 anos. Aos domingos, me ajuda a gravar. Quando pode, está sempre comigo. É meu melhor parceiro de pesca. Sempre que vai a pescaria é garantida”.

Henrique possui uma companheira. E com ela, uma filha de três anos. E se um dia foi influenciado pelo pai, agora é a sua vez de mostrar os caminhos à Zoe. “Sempre pesquei com meus pais, Alexandre e Silmara. Coloquei o nome Família na Pesca no meu canal por isso. Falo nos vídeos para influenciar as famílias a praticar esse tipo de atividade. Fazer contato com a natureza é muito bom com a família”.

Se antes, a ideia era só estar ao lado da família, pescando como forma de lazer, hoje, Henrique descobriu algo a mais. Muito a mais. Diante do aprendizado do pai, acabou se aprofundando. Ele foi mais além. Foi atrás de quase todas as espécies possíveis de pesca. E aprendeu na raça. Os sonhos foram alcançados. E isso, também não é história de pescador.

Serviço

Para entrar no canal Família na Pesca acesse o link: https://tinyurl.com/287e2u42