Presidente do Sindicato Rural de Mamborê fala sobre desafios e que vê “grande futuro” à agricultura
Hoje é dia 28 de julho. Data em que é comemorado o Dia do Agricultor. Muitos podem ainda não saber, mas é ele que garante o alimento nosso de cada dia. A TRIBUNA ouviu lideranças do segmento que falaram dos desafios do homem do campo.
Entre os entrevistados, está o presidente do Sindicato Rural de Mamborê, José Roque Rafaelli. Resumidamente ele comentou dos prejuízos da geada nas lavouras de milho, do momento atual que o segmento agrícola vive, da participação dos produtores junto ao sindicato, desafios, entre outros.
Rafaelli avaliou que com a transição da área rural dos avós e pais para seus filhos, está cada vez menor a participação do produtor junto ao Sindicato da cidade, já que a importância da força e união da classe não está presente na vida de muitos da nova geração. “Mas nós continuamos na luta para oferecer o melhor para os agricultores”, falou.
O presidente, que se autoclassifica otimista em relação a agricultura, diz ainda que apesar de todos os perrengues, inclusive a pandemia da Covid-19, acredita em um ‘grande futuro’ ao agronegócio do Brasil. Leia abaixo a entrevista completa.
Tribuna do Interior – Como foram os prejuízos das duas geadas deste inverno nas lavouras de milho safrinha?
José Roque Rafaelli – Houve primeiro um período de seca e depois a geada, que foi mais forte do dia 29 de junho de 2021 que na minha visão tivemos um percentual de perda no milho de 40 a 50%. Mas um fato que nos preocupa serão as novas geadas que estão para vir esta semana afetando diretamente o trigo e talvez a aveia.
A sociedade tem visão que os agropecuaristas estão atravessando um bom momento econômico. Na realidade isto é fato para os produtores rurais de Mamborê?
A sociedade baseia-se na visão da cultura de grãos (soja, milho e trigo), que com certeza estão atravessando um bom momento, mesmo com o custo de plantio alto, pois da mesma forma que o dólar valoriza o produto aumenta também o preço dos insumos necessários para sua produção. Mas do outro lado temos a suinocultura, frango e demais atividades agropecuárias que dependem de grãos cotados em dólares. Isto faz com que estas categorias passem por um período muito difícil, pois seus preços continuam muito baixos no mercado e não têm seus reajustes da mesma forma.
Como é a participação do produtor rural no sindicato patronal que os representa?
Com a transição da área rural dos Avós e Pais para seus filhos fica cada vez menor, pois a importância da força e união da classe não está presente na vida de muitos da nova geração. Mesmo que sabendo que hoje a visão de Sindicato tenha mudado, está difícil fazer entender que a Entidade que os representa não está ali somente nos momentos de aperto fiscal ou problemas insolúveis, mas todos os dias. E olha que nosso Sindicato oferece estrutura de escritório rural, departamento de pessoal, um centro profissionalizante e área de saúde. Estamos tendo uma mudança total na organização documental da área rural desde a comercialização, e-Social, Imposto de Renda e não percebemos uma mobilização dos agricultores para atualizarem sobre estes fatos e evitarem problemas no futuro. Mas nós continuamos lá, na luta, nos atualizando para oferecer o melhor para os agricultores. Esperamos que esta nova geração veja a grande importância da representatividade e participe da Entidade que os representa.
Quais são os desafios que os produtores rurais de Mamborê deverão enfrentar nos próximos meses?
Primeiramente os climáticos, depois a aplicação da legislação fiscal que atingem do pequeno ao grande produtor. Estas aplicações que há tempos vem sendo aos poucos implantadas e agora terminam, elas exigem maior atenção da classe, pois estamos falando da parte documental. Outro fato importante é a constante busca por informação e novas tecnologias.
Como vê o futuro da agricultura nos próximos anos?
Sempre fui otimista em relação à agricultura, pois minha vida resume na agricultura. Mesmo com todas as intempéries climáticas, políticas governamentais, altas e baixas dos produtos, nunca desanimamos. Mesmo diante de uma pandemia mundial o agricultor continuou trabalhando, trazendo o alimento para a mesa das pessoas, garantindo ao Brasil o maior PIB do mundo. Dependendo da determinação dos agricultores e não havendo interferências externas eu vejo um grande futuro.