Proposta de mudar nome da principal avenida promete polêmica em Peabiru

A principal avenida de Peabiru, denominada Raposo Tavares, poderá mudar de nome. A proposta é do historiador Arleto Rocha, responsável pelo departamento de Cultura  do município e que coordena o projeto de resgate histórico “Caminhos de Peabiru”. A ideia  já gerou polêmica na cidade por dividir opiniões.

O argumento do historiador para mudar o nome da via é a contradição que ele representa quanto a origem da cidade. Na língua indígena Peabiru significa “gramado amassado” e recebeu esse nome em razão da lendária trilha indígena que passa por ali.  Acontece que o bandeirante Raposo Tavares foi um matador de índios e que conforme a história cometeu diversas atrocidades contra os indígenas que capturava.

“Raposo Tavares protagonizou um genocídio, a morte de mulheres, homens e crianças indígenas no século 17. Em uma cidade de nome Indígena é uma incongruência. Se tivermos a aprovação desse projeto de ajuste histórico, a população é quem escolheria um nome da avenida que tenha relação justa com a cidade”, propõe o historiador. Teria sido Raposo o bandeirante que comandou a destruição da cidade de Vila Rica do Espírito Santo, construída pelos jesuítas onde hoje fica o município de Fênix.

A mudança do nome depende de aprovação da Câmara de Vereadores, mas antes mesmo de ser discutido pelo Legislativo tem gerado divergências de opiniões. Os contrários alegam que a proposta vai “apagar” a história da cidade. “A ideia não é e nunca foi renegar a história dos Bandeirantes, tanto que Raposo está e deve ficar no brasão da cidade. O objetivo é equilibrar a importância dos povos que formaram o Brasil muito além da herança apenas eurocêntrica”, reforça Arleto. 

Na justificativa do projeto o historiador afirma que o objetivo é também tratar de assuntos mais amplos por meio da mudança de nome da avenida principal e equilibrar a importância histórica entre as raízes étnicas. “Raposo Tavares e os Bandeirantes tiveram sua importância histórica que não deve ser esquecida, mas que seja lembrada em teor de igualdade com os demais personagens de nossa história”, pondera.

Conforme a história do Brasil, o português Antonio Raposo Tavares, participou de expedições bandeirantes para capturar índios, na tentativa de escravizá-los. Em Guaíra, no Paraná, expulsou os jesuítas espanhóis para ampliar a demarcação territorial portuguesa. Sua comitiva contava com cerca de 2 mil índios e mais de 900 brancos e mamelucos.  Ele morreu em 1658, em São Paulo.