Grupo de sem terra bloqueia estrada entre C. Mourão e Peabiru

Um grupo de pessoas ligadas ao Movimento Luta Pela Terra (MTL), da via Campesina, do acampamento Sol Nascente de Peabiru, fechou por quase duas horas as duas pistas da rodovia BR-158, entre Campo Mourão e Peabiru, formando um grande congestionamento de mais de três quilômetros nos dois lados da rodovia. Durante o ato, realizado ontem de manhã, os manifestantes autorizavam apenas a passagem de veículos de saúde.

Cerca de 150 pessoas, incluindo crianças que foram colocadas estrategicamente na linha de frente, se dividiram em dois grupos e iniciaram o bloqueio próximo do pesqueiro do Beline, no final da pista dupla por volta das 7 horas desta terça-feira (10). Com gritos de ‘Nós não queremos guerra, nós queremos terra’, os manifestantes pediam o apoio do governo em questões da reforma agrária. Os manifestantes, usando faixas do MLT, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), além de partidos políticos da base aliada do governo federal permaneceram no local até as 9 horas da manhã quando o tráfego foi liberado.

A coordenadora estadual do movimento de luta pela terra, Maria Cristina da Silva, não poupou críticas aos governos Lula e Dilma Rousseff (PT). O governo deles foi o que menos fez assentamento e nós continuamos na luta, não por sigla partidária, mas sim pela terra. Temos que trabalhar para a gente poder comer, desabafou.

De acordo com Maria Cristina, ontem era comemorado o Dia Nacional de Luta pela Democracia e Reforma Agrária, o que para eles não era dia de comemoração. Está no Constituição no artigo 148, que toda área que não cumpre com a sua função social tem que ser desapropriada para a reforma agrária. Como estamos vivendo um momento inédito no Brasil nós reivindicamos a terra, não queremos brigas, nem lutas só estamos fazendo um movimento pacífico, disse a líder.

Segundo os sem terra, esse grupo é o mesmo que ocupou uma fazenda de 400 alqueires, a 13 quilômetros de Peabiru. A luta deles pela terra acontece há mais de dois anos. Eles (os sem terras) já estão plantando na ‘sua terra’ e colhendo, nosso pessoal vive da agricultura familiar e vendemos a produção em Campo Mourão, Peabiru e Maringá, explicou Maria Cristina.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) esteve no local durante o tempo em que a pista ficou bloqueada e fez as orientações quanto à segurança dos usuários. Um representante da Viapar entregou aos policiais um Interdito Proibitório, ação judicial que foi emitida pela Justiça Federal para que as pistas fossem liberadas, o que não foi obedecida pelos manifestantes. Os representantes foram notificados e haverá uma multa pela interdição da rodovia. Todos os veículos que estavam estacionados no acostamento cometeram uma infração de trânsito gravíssimo e serão multados, informou a PRF.

Ainda de acordo com informações da PRF, grupos do mesmo movimento ocuparam ontem de manhã a praça de pedágio na BR-277 em Palmeira, no quilômetro 538. Cancelas foram abertas no local. O mesmo aconteceu em Laranjeiras do Sul (PR), na BR-277, km 464. A interdição total da pista na praça de pedágio começou às 9 horas, e foi comandada por aproximadamente cem manifestantes do MST.

Já em Foz do Iguaçu, na BR-600, km 6,8, a interdição foi parcial e teve início mais cedo, às 06h30. Eram cerca de 200 manifestantes, que acompanhavam o movimento liderado por centrais sindicais e o MST. A PRF conseguiu manter o fluxo normal de veículos até a entrada na Usina de Itaipu. Até o final da tarde praticamente todas as manifestações já estavam encerradas. Fotos: Valter Velozo/Tribuna do Interior.